Olá me chamo Michelle Barbosa Andrews, mais conhecida por Michelle Andrews, nasci em Manaus, no dia 18 de setembro de 1984, atualmente com 38 anos, sou mulher casada há 03 anos, nasci na Santa Casa da Misericórdia unidade de saúde que encontra-se desativada. Morei sempre com minha mãe Izethe e meu tio Ivaldo, logo após meu avó e minha avó partirem, minha infância foi pelo bairro da praça 14 de janeiro, localizado na parte central de Manaus, ali tive o contato com o Quilombo de São Benedito e também a escola de samba da vitória régia onde fui uma das integrantes. Naquele bairro tive minhas primeiras experiências de amizade e da vivência em comunidades, morávamos em uma vila onde as pessoas sempre se ajudavam, seja para pedir uma xícara de café, açúcar, arroz ou farinha, ali também vi diversos atos de violência de homens contra suas esposas e via minha mãe saindo em defesa das mesmas. Foram tempos difíceis já que sempre estávamos nos mudando de bairro, minha mãe começou a trabalhar em uma fábrica do distrito industrial e quase sempre eu não a via, pois quando ela saia eu ainda estava dormindo, ou quando ela voltava tarde eu já estava dormindo, isso durou anos. Quando eu já estava jovem vi que o trabalho estava fazendo com que minha mãe entrasse em depressão, eu já estava envolvida com projetos sociais e criava minha associação o Coletivo Difusão, disse pra ela sair do trabalho e com o dinheiro da recisão investir na compra de equipamentos pra eu trabalhar seja na área de design ou de edição de vídeos, ela fez isso e apostou em mim, e com isso a gente foi vivendo e se virando, em contato com a Rede Fora do Eixo nossa casa virou ponto de acolhida de pessoas de todo o Brasil que buscavam um espaço onde os mesmos pudessem desenvolver sua criatividade voltado para a área cultural e profissisonal, isso oportunizou passarmos um tempo em Belém do Pará onde vivemos um tempo desenvolvendo e vivendo por lá deixando uma parte de nossos integrantes em Manaus, percebi que precisava finalizar ciclos e retornar para Manaus e foi o que eu fiz, nesse interim conhece pessoas do Coletivo Rosa Zumbi, Marklize, Priscila, Jeffeson, Elder e outros e nesse tempo já muito envolvida na área cultural percebi que minha voz precisava chegar mais longe e com eles vi esse espaço, eles já vinham de uma trajetória partidaria onde me convidaram para integrar e vir candidata a Deputada Federal em 2018 foi onde tive minha primeira experiência como candidata, nesse período fui conhecendo as pessoas que integravam a direção do partido e as primeiras violências políticas, como candidata não recebi nenhum recurso do partido e nem o apoio com equipes que pudessem desenvolver um trabalho, nesse momento ainda sofri um acidente doméstico onde torci o pé, minha equipe era formada por amigos que me ajudaram muito a encarar esse processo ao final ainda obtive o resultado com mais de 3 mil votos, após a campanha eleitoral a presidente um dia me encontrou em um local público e disse que eu deveria assinar recibos no partido sobre uso de recurso partidário onde esse recurso jamais chegou em minha conta ou mesmo utilizei algum recurso em minha campanha eleitoral, não assinei nada e em minha prestação de contas ainda recebi uma multa no valor de 100 reais por não fazer a prestação de contas de forma
correta, ou seja, o partido não se preocupou nem um pouco em contratar um jurídico e contábil para acompanhar as contas dos candidatos. Após essa eleição meu grupo político percebeu que tinhamos que ocupar as direções do partido, pois sem isso jamais iriamos conseguir alcançar algo de concreto, nas eleições de 2020 eu vim novamente como candidata agora em uma candidatura coletiva com outras cinco mulheres onde conseguimos um recurso mínimo para tocar a campanha, mais uma vez só consegui contar com meus amigos para serem minha equipe de campanha, e mesmo diante de tantas dificuldades em todas as reuniões de direção do partido sempre ouvia as falas de que não seriamos a candidatura prioritária do partido e próximo do pleito ainda retiraram o pouco recurso que tinhamos e enviaram para outras candidaturas, e para piorar a situação o partido todo desorganizado sofremos mais uma violência política, pois o partido não veio com uma chapa completa, podendo vir com 64 candidaturas, como boicote vieram somente com 5 candidaturas, mesmo com todas essas violências políticas a gente continuou como pôde sendo ao final da eleição a quinta candidatura mais votada de Manaus, mas como o partido não conseguiu o coeficiente partidário, a gente sozinhas fazendo quase 8 mil votos e os outros candidatos menos de 2 mil votos sendo que para se fazer uma cadeira de vereador o mínimo eram 24 mil votos, ficamos mais uma vez cerceadas de ocupar espaços poder, percebemos sempre que essas violências políticas em sua maioria partia de homens em sua maioria brancos e que ocupam cargos de direção dentro dos partidos sejam eles de esquerda ou não. Após todos esses acontecimentos e após os resultados das eleições 2020 fomos procuradas por diversos partidos políticos de esquerda onde nos apresentaram melhores condições para disputar eleições, após muitas conversas eu migrei para o Partido Comunista do Brasil, mas ainda com o sonho de ter mulheres na política tivemos a ideia fazer uma candidatura mista com mulheres de mais de um partido e com apenas um número e cpf na urna que seria o meu, parece que essa ideia não agradou muito as lideranças nacionais do meu antigo partido que promoveu diversas violências políticas contra mim e as mulheres do meu grupo, dizendo que isso era inaceitável e que se promovermos isso seriamos impedidas de lançar nossa candidatura, que aquilo que a gente buscava seria um atalho para chegar ao poder e que deviamos esperar para que a revolução das mulheres não seria algo para agora, mas sim que seria para daqui há cem anos futuros pelo menos, enviaram mulheres da equipe da nacional para dialogar sobre a nossa ideia e reforçar de que não iriam aceitar tal candidatura, foi quando todo o meu grupo decidiu migrar para o Partido Comunista do Brasil, partido esse que acolheu nossa ideia e nos apoio para participar das eleições 2022, falar de eleições no Norte do Brasil e em Manaus é algo muito significativo porque meu foco são as comunidades periféricas que são assediadas por campanhas milionárias e que dão pouco ou nenhum espaço para mulheres negras participarem, nesse ano a gente veio com a candidatura coletiva da Bancada das Manas, cinco mulheres negras que fizeram uma campanha de muito afeto e que ouviu os sonhos de diversas comunidades, o nosso resultado foi um aumento de mais de 11 mil votos que infelizmente não foram suficientes para garantir uma cadeira na Assembleia Legislativa do Amazonas, mas formos as mulheres mais votadas da Federação Brasil da Esperança no Amazonas como Bancada das Manas, sabemos o quanto é longo o caminho para estarmos nos espaços de poder, mas acredito que estamos chegando lá, hoje somos a terceira suplência, onde no antigo partido nem isso a gente alcançava tinha mais gente contra o projeto do que a favor, a gente nas eleições deste ano tivemos um mínimo de estrutura de partido e financeira, tínhamos equipes nas ruas e realizamos todos os eventos que nos propomos a fazer, tentando chegar em alguns municípios que fomos capazes e fizemos uma campanha pé no chão, essa que foi uma das eleições mais duras de todas, teve momentos que pensamos em desistir, mas sabíamos que aquilo era maior do que a gente e que devíamos continuar, que o resultado de todo o nosso trabalho viria em forma de votos, a gente ao final deste pleito temos aproximadamente quinze lideranças para acompanhar e também realizar um trabalho didático de educação política e de que as pessoas são as responsáveis por suas escolhas e de como é importante a gente ter que colocar mulheres negras nos espaços de poder e de que os desafios quando são assumidos por coletivos é uma maneira de nos fortalecermos na caminhada. Aquilombe-se.
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Enegrecer a Política … Começo com reticências pois esse sinal de pontuação define os sentimentos e pensamentos que atualmente me atravessam. Dúvida, pausa, emoção demasiada e até mesmo omissão por não poder revelar de forma franca e explícita certas conclusões. Deveria estar contente, afinal houve […]